Essa canção surgiu da indignação que senti, e ainda sinto, ao ver presencialmente e pela mídia, imagens de rios cobertos de lixo, desde sofá, botinas, pneus, garrafas, latas, entre outros, descendo pelas águas, entulhando as margens.
Indignação por sermos consumidores de incontáveis produtos fabricados/comercializados por indústrias/empresas descompromissadas com o meio ambiente e a com a vida, sem serem boicotadas por nós mesmos e nem receberem advertências e autuações do Governo, por amparos políticos partidários.
A “lata cheia de mágoa”, é o sentido figurado que dei para a tristeza que sentimos, como amantes e cuidadores da natureza, ao ver os animais adoecidos, se alimentando de plásticos e outros detritos humanos descartados nos rios e mares.
Choro d’água expressa essa minha vontade de sentar e chorar, junto e pela Natureza. Mas também, há esperança, pois temos a capacidade de nos organizarmos para reverter tanta destruição, movidos pelo desejo de que as próximas gerações vejam como é lindo um rio limpo.
Choro d’água
Letra e música: Ana Person
Na água limpa desse rio
o céu se espelhava,
Na água limpa desse rio,
do céu, meu Deus,
a ave mergulhava!
E o peixe que aqui nadava
tão feliz, onde é que foi parar?
Na água limpa desse rio
o homem pôs a mão,
Na água limpa desse rio,
é de chorar:
-Agora tem sabão
e um pé de botina,
um pneu,
um sofá,
uma lata cheia de mágoa
e é preciso limpar!